Animais de Circos - Arquivo de Notícias 2003
ANIMAIS DE CIRCO
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Ataques

1995 1996

MORRE MADÚ, ELEFANTE FÊMEA DO CIRCO DI NÁPOLI

CLIQUE NA FOTO E SAIBA COMO ACONTECEU

Madú, do Circo Di Nápoli


 


Para ver reportagem completa do Jornal Extra de Janeiro de 2003 clique aqui


Deutsche Welle Net TV
ANIMAIS SÃO RESGATADOS DE CIRCO NA ALEMANHA

Protetores, vets, zoólogos e biólogos se uniram para resgatar os animais de um grande circo que se apresenta na Alemanha: tigres, leões, macacos de várias espécies, elefantes, cabritos, etc. Os protetores detectaram que os animais estavam com dentes serrados, com infecções intestinais, patas machucadas, infecções nos olhos e muitos com problemas psicológicos. As jaulas e a alimentação também não eram adequadas. Todos os animais foram resgatados, tratados, alguns operados e estão sendo encaminhados para Zoos da região.


Revita de Fato, Janeiro de 2003

Clique na imagem para ler a reportagem completa


Correio Popular 03.01.2003.
LEÕES ABANDONADOS POR CIRCO GERAM PROTESTOS EM SUMARÉ
Delma Medeiros, da Agência Anhangüera

Três leões deixados para trás por um circo estão mobilizando a população dos bairros Parque Amizade e Santa Elisa, em Sumaré. O Circo de Romeni ficou instalado por dois meses numa área pública cedida à Associação Amigos de Bairro do Parque Amizade, mas foi desmontado há cerca de 15 dias. Apenas os leões - duas fêmeas e um macho - continuam no local, em jaulas com menos de dois metros quadrado, sem qualquer isolamento, o que preocupa a população, pelo abandono em si e pelo risco que os leões podem representar às pessoas, crianças especialmente.

O proprietário do circo, Mário Stankowich, diz que as atividades foram interrompidas pelos próximos três meses e que pretende fazer a doação dos animais para a Prefeitura de Sumaré. O problema é que as repartições municipais estão em recesso até a próxima segunda-feira, e nesse período o destino dos animais permanece incerto. Stankowich afirmou que alimenta os leões e mantém um funcionário 24h por dia de vigia. A informação, no entanto, é contestada por moradores das imediações. "Esses leões precisam ser levados para um local maior e ser melhor tratados", disse Edson Lopes, morador das imediações. Segundo ele, um funcionário do circo vai ao local alimentar os animais, mas não fica ninguém de vigia para evitar a aproximação de crianças.

"Os animais estão estressados e doentes, parece que estão morrendo", disse um morador que preferiu não se identificar. Sua declaração causou indignação no proprietário do circo, que iniciou com o morador uma discussão tão acalorada que a Polícia Militar foi acionada para evitar um confronto físico.

Feliciano Nahimy Filho, presidente da União Protetora dos Animais (UPA), visitou o local e contou que o proprietário pediu prazo até segunda-feira (quando a Prefeitura retoma as atividades) para solucionar o impasse. Segundo Nahimy, Stankowich disse que alimenta os animais a cada dois dias para que eles não engordem, porque isso atrapalha a atuação circense. "Isso é desculpa. Os animais têm que comer todos os dias", afirmou, lembrando que famintos os leões representam uma ameaça ainda maior.

Lição infantil

"Quem quer ter leão tem que cuidar. Eles precisam comer todos os dias", afirmou André Pereira, de 7 anos. A mãe, Maria Pereira, contou que o menino pede que ela compre carne para alimentar os animais quando os escuta rugindo durante a noite. Segundo os moradores das imediações, além do mau cheiro, ninguém consegue dormir direito porque os animais rugem a noite toda. Plínio Simões de Brito, que mora a uma quadra da área, disse que um amigo viu os funcionários do circo dando um cachorro para o leão comer. "Essa situação não pode continuar", afirmou. A Polícia Florestal de Americana foi acionada e deveria inspecionar o local ontem, mas não havia apresentado relatório até 18h. Wilson Lima, gerente executivo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Estado de São Paulo, disse que a fiscalização sobre as condições em que os animais são mantidos cabe à Prefeitura, que é quem autoriza a instalação do circo. Lima afirmou que o abandono dos animais é crime e que a solução deve ser buscada com a administração municipal.


Folha de S.Paulo São Paulo 04/01/2003
LEÕES ABANDONADOS EM SUMARÉ (SP)

Três leões foram abandonados pelo dono do circo Stankowitch, Mário Stankowitch, dentro de uma jaula, numa praça no centro de Sumaré (120 km de SP). A praça foi isolada depois da denúncia de moradores, na quinta-feira. A polícia ambiental obrigou o proprietário do circo a encontrar uma solução segura até segunda-feira para o futuro de Nely, Suzi e Vargas, os três animais abandonados.

Stankowitch alega que o circo deixou de funcionar e não sabia mais o que fazer com os leões. No momento, um abrigo de animais se comprometeu a cuidar dos leões até que seja encontrada uma solução para o caso.


Jornal da Tarde 5-01-2003

CIRCO ABANDONA LEÕES EM SUMARÉ


As leoas Susi e Júlia, abandonadas em Sumaré:
polêmica na cidade

Enjaulados, os animais foram largados num campo de futebol há um mês. Agora, os moradores querem que eles fiquem na cidade, mas o prefeito, não.

"Respeitável público, o circo chegou"... Há dois meses o dono do Circo De Romênio, Mário Constantino, de 63 anos, anunciava a sua chegada à cidade de Sumaré, a 125 quilômetros da capital. Uma das atrações do circo, o show com seus três únicos animais (dois leões e uma leoa), não foi permitida pelas autoridades.

Mesmo com o impecilho de Julia, Suzi e Vargas - o nome dos leões - o circo foi montado em um campo de futebol, no Jardim Parque da Amizade. O circo fez algumas apresentações, mas, para algumas pessoas, como o estudante Rafael Endrigo Fernandes Vieira, de 11 anos, ficava a pergunta: "Cadê as feras?" "Eu nunca vi um leão e eles anunciavam logo três e fiquei feliz. Fui a uma das apresentações e não vi nenhum bicho." O motivo apareceu pouco tempo depois. O prefeito de Sumaré, Dirceu Dalbem, do PPS, tinha receio de animais como estes na cidade e proibiu que fossem apresentados ao público. Depois disso venceu o contrato de uso do terreno - que era de um mês - e o dono teve de abaixar as tendas e mudar-se para um outro terreno a três quarteirões do campo. Os leões ficaram no campo de futebol.

Durante o mês de dezembro, as três feras ficaram em duas jaulas diferentes - as duas fêmeas em uma e, isolado em outra, o macho - tudo sob o olhar de Pedro Alvares Nascimento, de 43 anos, que trata dos animais. "Eles comem duas vezes ao dia, sendo que a primeira refeição é às 13h e depois às 18h. Uma coisa é certa, eles comem melhor que eu", disse Nascimento.

Parte do dinheiro para a compra do alimento vem da microempresária Silvana Serra Fagiolo, de 37 anos, que doou 120 quilos de frango. "Eu ajudo porque gostaria que os leões fossem levados ao zoológico de Sumaré, que só tem aves."

Mesmo sem a presença do circo, as feras são motivo de olhares curiosos e despertam, em quem passa perto, sentimentos diversos, do medo à tristeza. "Medo eu não tenho, pois os leões são bem-cuidados. Só peço que não maltratem os bichos e decidam seu destino", disse o cabeleireiro João Pereira dos Santos, de 45 anos.

A preocupação do cabeleireiro pode terminar ainda hoje. Os leões devem ser levados por um fazendeiro de Itupeva, segundo confirmou Constantino, a uma de suas fazenda no Estado de Tocantins.


Jornal Diário de São Paulo, 05/01/2003
LEIS QUE PROÍBEM ANIMAIS IRRITAM ARTISTAS DO RAMO

O fim do Garcia preocupou os donos de circos tradicionais. Para eles, o principal motivo do fechamento são as lei que vem sendo criadas em várias cidades brasileiras, proibindo o uso de animais. Eles acham que os circos correm risco, caso nada seja feito para mudar o quadro. "Estamos tentando junto à Câmara e o Senado criar uma lei nacional que regulamente isso", frisou José Leite, presidente da Associação Brasileira de Circos. "Quem perde com o fechamento do circo é a arte. O público gosta dos animais", afirma Beto Carreiro.

Outros donos de circo culpam a ONG americana Aliança Internacional de fazer forte campanha contra a permanência de animais. "O Cirque du Soleil não tem animais, mas o Governo do Canadá dá US$ 20 milhões por ano", diz Marlon Stankowich, dono da lona que leva seu sobrenome. "A Aliança chega nos circos ameaçando", emenda Beto Pinheiro, dono do Di Napoli.

A americana Ila Franco, presidente da Aliança Internacional, explica que a situação dos animais dentro desses circos é dramática. Segundo ela, nenhum deles respeita as leis federais brasileiras referentes ao trato de animais exóticos. Além de maus-tratos, Ila sustenta que eles vivem em locais inadequados e com estresse.


LISBOA - PORTUGAL
CIRCO ATLAS - ATIVISTAS AGREDIDOS

Activistas da ANIMAL selvaticamente agredidos à porta do Circo Atlas O Circo Atlas tem sido denunciado como um dos circos com animais em Portugal que mais violento se revela no modo como trata e treina os seus animais, bem como no modo como os mantém alojados. Estas denúncias remontam já a 1992 e, novamente, a 1998, quando alguns jornais britânicos noticiaram casos de abuso e maus tratos de animais neste circo português. A organização britânica CAPS - Captive Animal´s Protection Society interveio algum tempo depois, após várias denúncias de turistas estrangeiros que estiveram de férias no Algarve terem testemunhado vários casos deste tipo e de extrema gravidade precisamente no Circo Atlas, numa altura de Verão em que este esteve na região algarvia.

Estando nós presentemente em época de circos, por altura do Natal, impunha-se, naquela que é uma luta global contra os circos com animais, uma acção relativamente ao Circo Atlas, que tem estado em Lisboa, junto ao C.C. Colombo, desde o início de Dezembro. Hoje, dia 4 de Janeiro, um grupo de 12 activistas que colaboram com a ANIMAL - Lisboa dirigiu-se, cerca das 15h, para as imediações deste circo, onde deu início à distribuição de alguns panfletos informativos acerca do que realmente se passa nos circos com animais relativamente à brutalização a que estes são permanentemente submetidos. Estando neste grupo como activista e Director da ANIMAL - Lisboa, dirigi-me aos dois agentes da PSP presentes no local (um agente e uma agente), e informei-os de que este grupo de pessoas se preparava para, no pleno exercício dos seus direitos, informar as pessoas, nomeadamente as que se dirigiam para o espectáculo de circo, dos problemas que os animais que são vítimas destes enfrentam. Não se tratava de uma manifestação e dificilmente poderia ser considerada uma acção de protesto propriamente dito. Não havia cartazes nem palavras de ordem. Apenas panfletos. No espírito da mais serena cordialidade, os agentes policiais identificaram-me como promotor da acção, enquanto lhes explicacava em que traços esta decorreria.

Enquanto estava a ser identificado, o Director do Circo Atlas, Walter Dias, aproxima-se de mim e dos dois agentes e, num tom agressivamente ameaçador, diz-lhe que nos queria a 50 metros da entrada do circo (não estávamos na entrada do circo), conforme um qualquer regulamento que ele disse haver supostamente estipularia (ficou por especificar de qual se trataria), ou então ele chamaria o seu pessoal da segurança "para nos varrer dali", como disse. O agente da PSP disse-me que não me preocupasse e que a nossa segurança e liberdade estavam garantidas. Porém, sem que eu ou este o pudéssemos prever, cinco a sete minutos depois, um grupo de 8 a 10 indivíduos, liderado pelo Director do Circo, pelo seu cunhado e pelo domador de leões, cada qual com uma imponência física mais impressionante do que o outro, desceu as escadas da entrada do circo para começar a agredir todos os activistas presentes.

Sem sequer respeitarem senhoras e passando literalmente por cima dos dois agentes policiais presentes no local, este grupo de "artistas" circenses e trabalhadores do circo distribuiu violentos empurrões por todos nós, tendo inclusivamente apertado brutalmente o pescoço a um dos activistas, e - o que foi ainda mais grave - agredido um outro activista (que estava a tentar filmar as agressões) com um murro na face e vários pontapés, com os quais lhe conseguiram partir a câmara de vídeo.

Ao pedido de reforços dos polícias presentes, que também não escaparam às agressões, respondeu de forma até bastante rápida um contingente numeroso de outros agentes policiais, que, já quando os ânimos estavam mais controlados e a selvageria bastante concretizada, conseguiram, ainda assim, impor alguma ordem. O activista mais duramente violentado precisou de receber tratamento hospitalar, o que aconteceu no Hospital de Santa Maria, após o qual voltou à Esquadra da PSP de Carnide para apresentar queixa contra o agressor - o domador de leões -, que, enquanto foi retido para identificação, ficou calmamente a assistir à televisão no departamento policial, mesmo depois de ter protagonizado um grave atentado contra os mais elementares direitos dos activistas que tinha agredido.

Em contacto com o Presidente da ANIMAL, conseguimos chamar uma equipa de reportagem da SIC, que só já conseguiu fazer a reportagem no rescaldo dos acontecimentos, mas ainda a tempo de registar o que se tinha sucedido. A peça está a ser exibida na SIC Notícias e é de esperar que seja exibida no "Primeiro Jornal" da SIC, amanhã, às 13h. Pelo comportamento dos indivíduos ligados ao Circo Atlas neste lamentável episódio, é possível imaginar que estes tratarão os animais que têm sob o seu domínio de uma forma provavelmente mais violenta daquela segundo a qual nos trataram a nós. É que os animais não têm, ainda assim, polícia que os defenda, não têm voz para se queixar, nem podem propriamente fugir, pois estão presos em jaulas, enquanto nós tivémos algumas (embora não muitas) oportunidades de fugir às investidas daquelas pessoas. Pelas investigações e imagens que têm sido obtidas junto de tantos outros circos que têm animais, concluímos que esta é uma prática generalizada nestes espectáculos, em que a agressividade é um elemento incontornável da postura destas pessoas.

A ANIMAL agradece, em primeiro lugar, aos activistas presentes e à coragem e determinação que demonstraram, ao manterem-se na acção em que decidiram participar, mesmo sob fortes agressões, mais do que apenas ameaças. A ANIMAL destaca, em segundo lugar, que esta foi uma de muitas acções que estão agora a começar relativamente aos circos com animais, e que, por muitas ameaças e agressões que se concretizem, não acabarão enquanto o martírio destes animais não tiver um fim, ou seja, enquanto a utilização de animais em circos não for proibida. A ANIMAL apela, em terceiro lugar, para que haja um boicote total aos circos com animais, quer porque estes são actividades que assentam na exploração francamente abusiva e no exercício de violência extrema contra animais, quer porque são espectáculos anti-pedagógicos, quer ainda porque sustentam e despertam o que há de pior na conduta das pessoas envolvidas neste domínio. Por último, a ANIMAL garante que persistirá em prosseguir com todas as batalhas da defesa ética dos animais nas quais está firmemente empenhada, declarando-se absolutamente decidida a fazer com que os animais sejam cada vez mais respeitados, tal como eticamente se impõe. E, para isso, esta organização conta com a colaboração de todas as pessoas que partilhem estes princípios e objectivos.

Miguel Moutinho

(Director da ANIMAL - Lisboa)


Jornal O Estado De São Paulo, 6-01-2003
LEÕES ABANDONADOS EM PRAÇA PODERÃO GANHAR NOVO LAR

Silvana Guaiume (O ESTADÃO)

Campinas, SP - A União Protetora dos Animais (UPA) da região de Campinas, no interior paulista, irá solicitar nesta segunda-feira ao Ministério Público (MP) de Sumaré (SP) a apreensão, por maus tratos, de três leões que estão abandonados em uma praça de lazer no bairro Parque Amizade, dentro de duas jaulas. O presidente da UPA-Campinas, Feliciano Nahimy Filho, disse que há uma instituição interessada em obter a guarda dos bichos, desde que seja respeitada a burocracia.

Segundo Nahimy Filho, a apreensão é necessária para que os leões possam ser legalmente doados à entidade. Ele não quis revelar o nome da instituição a pedido do proprietário. Mas afirmou tratar-se de um lugar adequado, no Estado de São Paulo, para onde são encaminhados animais selvagens e silvestres apreendidos por maus tratos.

Os leões foram abandonados há cerca de um mês pelo proprietário do Circo da Romênia, Mário Stankovich. Ele justificou dizendo que o circo deixou de operar temporariamente e não tinha para onde levar os bichos. Foi cogitada a possibilidade de os animais serem mantidos no minizoológico de Sumaré. Mas Nahimy Filho disse que essa hipótese é pouco provável.

De acordo com ele, seria necessário construir uma área específica para os leões e contratar profissionais especializados para cuidar deles. “A prefeitura não tem verbas para isso. É preciso ainda manter os bichos. Cada um consome dez quilos de carne por dia”, afirmou. Nahimy Filho disse que os animais estão sendo alimentados apenas a cada dois dias. Um funcionário do circo fica de plantão perto das duas jaulas onde estão os leões para evitar que eles fujam.


Correio Popular, 7.1.2003
SANTUÁRIO ECOLÓGICO ADOTA LEÕES ABANDONADOS POR CIRCO

O Rancho dos Gnomos, santuário ecológico situado em Cotia administrado por uma organização não-governamental (ONG), recebeu os três leões (um macho e duas fêmeas) deixados numa área pública de Sumaré pelo Circo de Romenia. O acerto foi feito durante a tarde de ontem entre a ONG, a Polícia Ambiental, o Ministério Público, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e os administradores do santuário. A transferência foi feita durante a noite para diminuir o estresse dos animais. Toda negociação para transferência dos leões para o Rancho dos Gnomos foi intermediada pelo presidente da União Protetora dos Animais (Upa), Feliciano Nahimy Filho que acompanhou o caso até seu desfecho para garantir que os animais estariam bem instalados.

A ONG de Cotia, que abriga animais abandonados e mutilados, concordou em receber os três leões, após a apreensão formal dos felinos pela Polícia Ambiental. A Prefeitura de Sumaré encaminhou oficio ao comando da Polícia Ambiental em Campinas solicitando a apreensão e encaminhando os animais ao Rancho.

Em entrevista à Agência Anhangüera de Notícias na semana passada, o proprietário do circo, Mário Stankovich, negou que tivesse abandonado os animais e afirmou que pretendia doá-los à cidade por ter interrompido as atividades do circo. No período, ele se encarregou de alimentar os bichos e manter um vigia no local para prevenir acidentes. (Delma Medeiros e Johnny Inselsperger/ Da Agência Anhangüera)


Campinas - Terça-Feira, 07 de Janeiro de 2003 - http://www.cpopular.com.br - Ano VCirco GARCIA DESCE EM DEFINITIVO SUAS LONAS

Sucessivas crises financeiras culminaram no encerramento das atividades do circo mais antigo do país, que foi fundado em campinas

RogérioVerzignasse
Do Correio Popular
rogerio@cpopular.com.br

As cortinas do espetáculo se fecharam. Para sempre. Atolado em dívidas que chegam à casa dos R$ 800 mil, o Circo Garcia, o mais antigo do Brasil, encerrou as suas atividades. Fundada em Campinas, em 1928, a companhia circense chegou a figurar, na década de 70, entre as quatro maiores do mundo.

Seu fundador foi Antolim Garcia, paulistano, filho de imigrantes espanhóis, que conduziu o Circo Garcia ao sucesso no Exterior. O apogeu aconteceu entre 1954 e 1964, quando os espetáculos, com cinco lonas e cerca de 200 artistas contratados, viajaram por 72 países do mundo.

Desde a década de 80, o Garcia enfrentou crises financeiras sucessivas. A arte circense já encarava a concorrência da televisão, que passou a oferecer diversão sem que as pessoas precisassem sair de casa. Muitas lonas foram baixadas, no Brasil inteiro. Mas a instabilidade econômica atual foi decisiva. A alta do dólar tornou inviável o pagamento de artistas internacionais, com remunerações atreladas à moeda norte-americana. O Garcia chegou a pagar US$ 2,7 mil por semana a trapezistas mexicanos. Quase toda a dívida atual é referente a salários atrasados. Além disso, diversas leis passaram a proibir, em determinados municípios, a presença de animais no picadeiro. E, para o Garcia, não existem espetáculos sem animais. Era um dos únicos circos do mundo onde era realizada a procriação deles.

Mas alguns acontecimentos marcaram, de maneira particular, a derrocada do Garcia. Antolim morreu em 1987. Desde aquele ano, o grupo era administrado por sua mulher, Carola Boets, e pelo filho dele, Rolando Garcia, que faleceu em setembro do ano passado. “Sem meu enteado, fiquei muito sozinha”, afirma Carola. “Aqui nós estávamos empatando dinheiro”. Além de Rolando, morreram desde o 2000 os outros dois filhos de Antolim, Ruth e Romero. A madrasta Carlota ficou desamparada. Hoje ela passa os dias olhando velhas fotografias e álbuns montados com recortes de jornais estrangeiros. São reportagens elogiosas ao circo. E, ao lado das pastas, fica o cinzeiro, lotado de bitucas de Carlton, que ela fuma sem parar.

A última apresentação no dia 29 de dezembro, aconteceu o último espetáculo do Garcia, que estava montado na Avenida Guarapiranga, região do Santo Amaro, Zonal Sul paulistana. Sinal cruel dos tempos. Só 280 pessoas compareceram ao espetáculo, e se espalharam pela arquibancada construída para 3.500 espectadores. A arrecadação, lastima Carola, não foi suficiente nem para pagar os R$ 300,00 gastos com a manutenção dos geradores em uma noite de espetáculo. Agora, todos os 50 artistas estão desempregados. Eles começam a deixar hoje o terreno da Avenida Guarapiranga, à procura de emprego em outras companhias. E daquela antiga trupe, com 200 artistas, só sobrou um estrangeiro: um mexicano, domador de tigres.

Outra preocupação da proprietária do espólio são os animais. Os 21 chimpanzés, segundo Carola, têm lugar para ficar, o sítio de uma amiga. Mas há quatro tigres e dois elefantes com o destino incerto. Como os zoológicos estão lotados, e nenhum outro circo está disposto a investir em atrações cada dia mais dificultadas pelas leis, ela pensa em vendê-los para o Exterior. Seria uma forma, diz, de quitar algumas dívidas. Seu patrimônio particular em nada lembra o verdadeiro império construído por Antolim. Desde a década de 80, quando a crise circense ficou mais séria, ela foi vendendo equipamentos e imóveis comprados pelo marido, com quem ela viveu durante 33 anos. Hoje ela só possui um apartamento em São Paulo.


Jornal Correio Popular, Campinas,10/01/03

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Sexta-Feira, 10 de Janeiro, 01:48 PM

CIRQUE DU SOLEIL DIVERTE E ENCANTA SEM ANIMAIS
Por Paul Majendie

LONDRES (Reuters) - Esqueça os tigres, elefantes e ursos dançantes. O Cirque du Soleil nunca irá excursionar pelo mundo com animais em sua trupe."Não concordamos com a forma que os animais são vestidos e fazem seus truques. Preferimos dar emprego a seres humanos", disse Pierre Parisien, membro da trupe do Quebec que inspirou um renascimento do circo mundo afora."Eles são animais, não artistas. Eles deveriam estar na selva", disse o diretor artístico da trupe do show Saltimbanco, em entrevista à Reuters depois da abertura em Londres esta semana.

"Não concordamos com o jeito que os animais são treinados e não estou bem certo se o lugar de um elefante ou de um tigre é ficar enjaulado metade da vida e se apresentar em todo o mundo", disse ele. "Nunca teremos animais em nossas apresentações."

O Cirque du Soleil foi fundado em 1984 pelo acordeonista e comedor de fogo quebecois Guy Laliberté como uma mistura de números de circo e entretenimento de rua. Ao longo das duas últimas décadas, o Soleil transformou-se em um império de entretenimento e deu ao circo um novo sopro de vida.

O Cirque du Soleil tem agora 2.400 empregados e 500 artistas de mais de 40 países. Seus shows foram exibidos em 130 cidades por cerca de 33 milhões de espectadores. O circo tem teatros permanentes em Montreal, na Walt Disney World da Flórida e em dois cassinos de Las Vegas. No momento, apresenta-se em oito shows em dois continentes. Todos os finais de semana, cerca de 60 mil pessoas assistem às peripécias do Cirque du Soleil mundo afora.

"Tenho muito orgulho de ser parte desta aventura -- e continua sendo uma aventura", disse Parisien. "O circo está muito mais saudável do que antes, porque as pessoas precisam sonhar e ter esperança -- e é disso que falamos."

 

1995 1996