Jornal O Diário
Popular - Abril de 2000
CIRCO BARTHOLO ABANDONA LEÕES EM TERRENO
BALDIO
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Jornal
O Globo 10/04/2000
LEÕES
MATAM GAROTO EM CIRCO DE PERNAMBUCO
RECIFE.
Pânico, gritos, correria. A festa de um domingo no circo terminou
em tragédia na cidade de Jaboatão dos Guararapes,
que fica a 20 quilômetros do Recife. José Miguel dos
Santos Fonseca Júnior, de 8 anos, foi retalhado por dois
leões no início da noite, durante o intervalo do espetáculo
do Circo Vostok, armado no estacionamento do Shopping Center Guararapes.
A tragédia aconteceu quando um apresentador chamou crianças
para uma sessão de fotografias junto aos cavalos do circo,
por trás do picadeiro.
No circo
havia quase 2.000 pessoas e as arquibancadas e camarotes estavam
lotados. Segundo testemunhas, não havia qualquer segurança.
As fotografias eram tiradas próximo ao túnel gradeado
que leva os leões da jaula para o picadeiro e não
havia qualquer cerca que isolasse por completo o público.
O leão
estava a caminho do picadeiro, pois seria a próxima atração
do espetáculo. Quando Miguel retornava para a platéia
com o pai, foi puxado por um leão com violência. Arrastado,
o menino gritava e se debatia, sem que ninguém no circo tomasse
uma providência. Foi necessária a chegada da polícia,
quando um soldado atirou no leão. Mas pouco adiantou.
O outro
animal que estava no túnel arrastou a criança por
quase 40 metros e depois a puxou para a jaula, estraçalhando-a.
Este leão foi alvejado, mas continuava respirando e ninguém
tinha coragem de enfrentar o animal para retirar a criança
de suas garras. Chorando muito,o pai do menino tentava desculpar-se
pela tragédia:
- Não
foi culpa minha. Não foi falta de cuidado, pensei que o circo
era seguro, ninguém vai me dar o filho de volta - dizia,
aos prantos, vendo o cadáver do filho no interior da jaula,
coberto pelo leão.
Nesta altura,
o pânico já estava estabelecido: crianças chorando,
pais gritando, todo mundo querendo sair do circo de uma vez só.
Até funcionários do circo, apavorados, corriam para
todos os lados. Às 20h30m, a área externa do shopping
e a rua lateral foram interditados para que o segundo
leão fosse sacrificado.
- Foi um
horror. Era gente jogando cadeira, garrafa para todos os lados,
todo mundo querendo se defender - dizia Lielson Monteiro da Filho.
Segundo
o espectador José Maria Araújo, os vergalhões
da jaula do leão tinham 15 a 20 centímetros de distância,
o que facilitou a tragédia. Afamília do menino ameaçou
processar o circo e o shopping.
Ontem,
enquanto aguardava-se a chegada do IML, o temor era grande: excitados
com o sangue que viam, e com o tumulto formado diante da tragédia,
2 outros leões urravam sem parar. O temos era que eles derrubassem
as grades da jaula. A segurança era precária. No fim
da noite, os outros dois leões foram sacrificados.
Texto publicado
no no TERRA, em 12/04/00 http://www.terra.com.br
Já
tá na hora de acabar com os animais em circos.
Leões
que mataram menino em circo são necropsiados RECIFE - Os
quatro leões do circo Vostok que atacaram e mataram o menino
José Miguel dos Santos Fonseca Júnior, em Jaboatão
dos Guararapes, Região Metropolitana de Pernambuco, foram
necropsiados na Universidade Rural de Pernambuco. Segundo o técnico
da universidade, não havia nada no estômago dos animais.
Há informações de que eles teriam sido alimentados
pela última vez na quinta-feira anterior ao ataque. O domador
está sendo acusado de ter aberto a grade antes do tempo,
o que teria facilitado o ataque dos leões.
PROJETO
PROIBE CIRCO COM ANIMAIS
Agencia Estado - 11/04/00 Jair Aceituno
Bauru -
O vereador Jose Eduardo Avila (PPB) apresentou hoje aa Camara de
Bauru um projeto de lei que proibe a instalacao no municipio de
circos que incluam em seu espetaculo a apresentacao de animais ferozes.
Segundo
o projeto, cabera aa Prefeitura exigir que os circos declarem a
existencia ou nao de animais em seu espetaculo, para depois conceder
ou rejeitar o alvara de instalacao e funcionamento. Nao podemos
deixar nossa
populacao correr qualquer tipo de risco, e os acontecimentos de
Pernambuco demonstraram que a presenca do animal no circo
e insegura, diz o vereador que ainda cita principios ecologicos
e ambientais para impor a restricao.
Avila tambem
e o autor da lei municipal que obriga os proprietarios de caes ferozes
- pastor alemao, pitbull e outros - a utilizarem focinheiras
nos animais quando saem aas ruas. Apesar de em vigor desde marco
do ano passado, a exigencia nao tem sido cumprida pela Prefeitura,
que alega dificuldades para fiscalizar e obrigar seu cumprimento.
O vereador afirma que essa omissao ja causou alguns acidentes
com caes.
Segundo
o vereador, no caso dos circos o mesmo argumento nao devera prevalecer,
pois cabera aos responsaveis pelo alvara concede-lo ou nao, dependendo
da presenca de animais perigosos entre os numeros
a serem
apresentados.
Jornal O Dia
14/04/2000
LEÕES NA JAULA DA DP
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Jornal Folha
de São Paulo, 14 de Abril de 2000
PREFEITURA
INTERDITA CIRCO NA RADIAL LESTE
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Jornal
O Globo, 21 de abril de 2.000
DONOS
DE CIRCO ABANDONAM 7 LEÕES EM GALPÃO EM NOVA IGUAÇU
Marcus Alencar
O
acidente no Circo Vostok, em Pernambuco, há 12 dias, quando
um leão matou um menino de 9 anos, transformou uma das
principais atrações circenses em sinônimo
de medo, chegando a diminuir em 70% o público nos circos
do Rio. Preocupados com a queda no movimento, donos de circo estão
tirando os felinos do picadeiro e abandonando os animais num galpão
na Lagoinha, em Nova Iguaçu. Enjaulados em condições
precárias, quatro leões e três leoas, de cerca
de 200 quilos cada um e medindo cerca de um metro e meio de comprimento,
já começam a assustar os moradores do bairro.
Apesar
do pânico, a professora Marilene Ana da Conceição,
de 34 anos, que mora ao lado do galpão, resolveu ajudar
a alimentar os animais.
- Só assim tenho a certeza de que eles estão
comendo - disse Marilene.
A
bravura da professora, no entanto, acaba à noite, quando
tem que dormir. Como a parede do seu quarto fica bem ao lado do
galpão, ela é obrigada a conviver com o uivos noturnos
dos leões:
-
Na noite passada, fui dormir uma hora da manhã. Eles
não podem ficar aqui. Dono do Circo Real de Espanha, em
Campo Grande, e proprietário do galpão, Abádio
Alves Fernandes entende a preocupação dos
moradores e diz que não tem mais condições
de ficar com os bichos. Tanto o Ibama quanto a Fundação
Rio-Zôo já bateram o martelo: não vão
ficar com os animais.
-
Os leões são de responsabilidade dos donos do circo
- disse o gerente do Ibama, Dionízio Pessamilio. Para Márcio
Martins, presidente da Fundação Rio-Zôo, no
entanto, cabe ao Ibama encontrar uma solução, já
que é a instituição que autoriza a utilização
dos animais nos circos.
-
Já temos quatro leões e 13 outros felinos. Não
há condições de ficar com mais sete. Um animal
como esse come em média seis quilos de carne por dia -
explica Martins, acrescentando que o custo mensal de um
leão chega
a R$ 5 mil.
Folha
Online 25/04/00
POLÍCIA INDICIA 11
POR MORTE DE CRIANÇA NO CIRCO VOSTOK
FÁBIO GUIBU, da
Agência Folha, em Recife
O delegado
da Polícia Civil Washington Luiz Alves, que investiga a morte
do garoto José Miguel dos Santos Fonseca Jr., 6, atacado
por leões no circo Vostok, indiciou o dono do circo, Alexandre
Vostok, e dez empregados dele,
sob acusação de homicídio culposo (sem intenção).
Alves decretou
ainda a prisão preventiva de um dos seguranças do
circo,Fábio Pereira Balbino, acusado de prejudicar as investigações.
Balbino está foragido.
Das 11
pessoas indiciadas, 9 integravam a equipe encarregada de impedir
a aproximação de espectadores da jaula no picadeiro.
O outro indiciado é o domador Claudinei Pires da Rocha.
Os indiciados,
afirmou, foram citados no inquérito por “falha humana”. Segundo
ele, houve ainda negligência”_ acusação que
poderá aumentar a pena máxima prevista em lei, de
três para até quatro anos de reclusão.O inquérito
será enviado à Justiça e ao Ministério
Público, que poderá acatar a denúncia, acrescentar
provas, requisitar investigações ou arquivar o processo.
Nenhum
representante dos órgãos responsáveis pela
fiscalização da estrutura do circo e pela concessão
da licença de instalação e funcionamento foi
punido.
Segundo
o delegado, não havia como responsabilizá-los porque
não existe lei que regulamente a forma como os animais selvagens
devem ser mantidos nos circos.
O advogado
do circo, Marcos Antonio Soares, disse que Alexandre Vostok “vai
cumprir o que a Justiça determinar”.“O delegado cumpriu sua
missão e vamos aguardar a defesa prévia.”
O
circo deixou Recife domingo por falta de público. Segundo
Soares, apenas 15 pessoas, 12 delas convidadas, assistiram
ao último espetáculo na cidade.
O advogado
calcula que o prejuízo do Vostok em Pernambuco foi
de aproximadamente R$ 500 mil. A caravana viajou para Campina Grande
(PB), onde deverá se instalar em duas semanas.O acidente
com o menino aconteceu no dia 9. O garoto foi puxado por um leão
para dentro
da jaula ao passar próximo à grade com o pai, a irmã
e um primo. Os quatro faziam parte de um grupo de espectadores que
retornava à platéia no intervalo de uma apresentação,
após participar de uma sessão de fotos com pôneis
atrás do picadeiro.
Jornal
O Estado De São Paulo 3/5/00
ELEFANTE
ARREMESSA PEDRA CONTRA MENINA EM ZOO
JOSÉ MARIA TOMAZELA
Estudante
sofreu destruição parcial do maxilar e perdeu dez
dentes, em Sorocaba
SOROCABA
- O elefante Sandro, uma das principais atrações do
Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, de Sorocaba, atirou
uma pedra de 1 quilo contra o rosto da estudante Ellen Daiane de
Almeida, de 9 anos. A menina sofreu fratura no maxilar superior
e teve dez dentes quebrados. O acidente ocorreu no fim da tarde
de segunda-feira, no feriado de 1º. de Maio, quando mais
de 3 mil pessoas visitaram o zôo. Ellen estava com a mãe,
Valquíria Agostinho de Almeida, e outros parentes no local
reservado para o público, em frente do recinto do casal de
elefantes indianos Sandro e Raísa.
Segundo
a mãe, o animal usou a tromba para sugar a pedra no tanque
de água. Em seguida, arremessou-a em direção
aos visitantes. A pedra bateu na tia da menina, Aracy Agostinho
de Almeida, antes de atingi-la. "Achamos que ele ia jogar água",
disse Valquíria. Aracy
ficou com hematoma nas costas.
Ellen levou
a pedrada no rosto e, com o impacto, caiu de costas. A mãe
socorreu a filha enquanto outros visitantes buscavam socorro. Guardas
municipais levaram a menina à Santa Casa. As radiografias
mostraram que, além da perda dos dentes, arrancados com raiz,
o maxilar superior foi parcialmente destruído. Por essa razão,
apenas quatro dentes puderam ser reimplantados.
A estudante
está em repouso e se alimenta apenas com líquidos.
Ela terá de ser submetida a nova cirurgia para aplicação
de prótese no maxiliar. O tratamento foi orçado em
R$ 7 mil. Ellen perdeu o pai há um mês, vítima
de derrame cerebral. Sua mãe trabalha como manicure.Ela registrou
boletim de ocorrência ontem, pois quer que a filha seja indenizada.
A prefeitura de Sorocaba administra o zoológico e assumiu
o compromisso de pagar as despesas médicas.
O elefante
Sandro está há mais de 20 anos no zoológico
da cidade. Há cinco anos, ele ganhou a companhia da fêmea
Raísa, que pertence ao Beto Carrero World, de Santa Catarina.
Os biólogos e veterinários do zôo vêm
tentando obter o cruzamento do casal. O administrador Eduardo Barros
Steffen estranhou o acidente: "Os elefantes costumam usar a tromba
para jogar água e areia sobre as costas, mas nunca havia
ocorrido um acidente assim." Segundo ele, os jatos de água
refrescam esses animais e a areia ajuda a controlar parasitas, como
moscas e carrapatos.
Eventualmente,
segundo Steffen, os paquidermes pegam objetos, como latas de bebidas,
jogados pelo público, e os arremessam de volta, respondendo
à brincadeira. O recinto é dotado de fosso, mureta
e isolamento elétrico, mas não tem tela protetora.
A distância mínima entre os visitantes e os animais
é de 5 metros. "É um recinto considerado modelo e
copiado por outros zoológicos."
Steffen
admitiu a possibilidade de a pedra ter sido jogada no interior do
recinto por visitantes. Os elefantes foram recolhidos a suas celas
para que os funcionários fizessem um pente-fino no espaço,
recolhendo pedras, latas e outros objetos. À tarde, estavam
soltos outra vez. Segundo Steffen, o casal continuará exposto
aos visitantes.
Da Reuters
25/04/2000 09h04
Em Bangcoc (Tailândia)
TURISTA
BRITÂNICA É MORTA POR ELEFANTE NA TAILÂNDIA
Uma jovem
britânica foi pisoteada por um elefante em um resort tailandês
e acabou morrendo, disse a polícia nesta terça-feira
(25).
A turista
Andrea Taylor, de 23 anos, foi levada para o hospital Bangcoc-Pattaya,
150 quilômetros a sudoeste de Bangcoc, após o ataque
no resort Nongnuj, em Pattaya, na segunda-feira (24). Funcionários
do hospital e a polícia não souberam informar de onde
a mulher é. O pai de Taylor, Geoffrey, e a irmã, Helen,
ficaram feridos ao tentar resgatar Andrea depois que o elefante,
que ela estava oferecendo bananas,ficou nervoso e a atacou, disse
a polícia.
"O pai
dela teve uma perna quebrada e a irmã sofreu ferimentos abdominais",
disse à Reuters uma porta-voz do hospital. O hospital disse
mais tarde que Helen, de 20 anos, está em condições
estáveis após sofrer uma cirurgia abdominal por causa
das perfurações provocadas pelo animal.
A polícia
disse que está investigando o caso e o proprietário
do resort foi acusado de negligência.Não se sabe porque
o animal, domesticado, atacou de repente os turistas, disse a polícia.
O elefante
foi controlado e está sendo mantido no próprio resort
onde o acidente aconteceu. Policiais disseram que um puma atacou
um turista russo no mesmo parque, no mês passado. Uma mulher
recebeu US$ 4.000 como indenização por um ferimento
no braço que sofreu no mesmo local
Jornal
A Tarde 22/04/00
TEMPO PRESENTE
http://jornal.atarde.com.br
Animais-I
Ainda como eco do caso de leão do circo Vostok
que matou uma criança por estar faminto. Estamos às
portas do terceiro milênio e já é mesmo hora
de acabar com esse negócio de tirar animais do seu habitat
para exibir em circos e zoológicos. Existe, aliás,
um forte movimento a favor dessa idéia, notadamente na Europa.
Quem quiser ver animais selvagens, exóticos etc. que faça
um safári (sem caçada, é claro!) à África.
Animais-II
Aliás, há uma corrente de pensamento
que defende a pura e simples extinção dos zoológicos.
Propõe que, em vez de gastar dinheiro tentando manter “confortáveis”animais
dos quais se tirou a liberdade, a alimentação normal,
o habitat, enfim, se aplique esse dinheiro para preservar, nos seus
locais de origem, as espécies em vias de extinção.
O
ESTADO DE SAO PAULO - 22/04/00
DONOS
DE CIRCO DOAM LEÕES PARA SALVAR ESPETÁCULO
LUCIANA GARBIN
Público
diminuiu após a morte de garoto atacado por animais em Pernambuco
Depois
que leões de circo atacaram e mataram há duas semanas
um menino de 6 anos, em Jaboatão dos Guararapes, área
metropolitana do Recife (PE), os circos do País estão
em polvorosa. Além de despertar comoção e protestos
de entidades de defesa de animais, o acidente causou forte reação
que ameaça acabar com uma das mais tradicionais atrações
circenses.
Novo alvo
de discriminação, os leões têm sido proibidos
de entrar em vários municípios. No dia 11, um vereador
apresentou em Bauru projeto de lei que proíbe a instalação
no município de circos que apresentam animais
ferozes em seus espetáculos. Na semana passada,
moradores de Três Corações (MG) chamaram a polícia
para interceptar uma caravana de circo mambembe e impedir que entrasse
na cidade com um leão.
Para sobreviver
à crise que se abateu sobre os picadeiros, vários
circos decidiram desfazer-se de seus animais. Desesperados, alguns
donos estão abandonando os animais em rodovias. No dia 17,
em Varginha (MG), a Polícia Florestal encontrou um leão
magro e faminto numa jaula à beira de uma estrada. O responsável
foi encontrado, multado e indiciado por maus-tratos.
Doações
- Outros circos estão buscando alternativas diferentes. O
centenário Circo Stankowich, armado no Tatuapé, na
zona leste de São Paulo,divulgou ontem que pretende doar
seus cinco leões. Segundo seu proprietário, Antônio
Stankowich, de 64 anos, apesar de seus animais serem registrados
pelo Ibama e nunca terem atacado ninguém, será uma
maneira de o circo sobreviver.
O local
de destino dos leões do Stankowich ainda não está
definido."Estamos negociando com um mini zoológico particular
em São Bernardo do Campo, mas queremos ter certeza de que
irão para um bom lugar", revela Stankowich. Para seu filho
Márcio, a mudança pode trazer mais malefícios
do que benefícios aos leões. "Aqui eles já
estão acostumados a nossos tratadores e a gente sabe quantos
quilos de comida temos de dar diariamente", diz. "Está todo
mundo triste de doá-los e meu filho de 11 anos chora quando
ouve falar disso, porque deu mamadeira para eles quando eram filhotes."
Os donos
do circo lembram que há uma média de mil leões
em picadeiros pelo País. "Se todos os circos decidirem doar,
para onde vão os animais?", pergunta o pai. "Os zoológicos
não têm condições de sustentar tantos
animais."
Galpão
- Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, proprietários
de circo resolveram isolar quatro leões e três leoas
em jaulas dentro de um galpão. "Essa é uma solução
provisória, pois não temos onde colocar os animais
e o Ibama e a Fundação Rio-Zôo não ajudam",
disse Abádio Alves Fernandes. Um dos donos do Circo Real
de Espanha, ele se juntou a empresários dos Circos Koslov,
Africam Circus e Sarrazani na idéia, alegando que o público
abandonou os espetáculos circenses com medo das feras.A instalação
provisória dos bichos está causando medo nos moradores
da região. "Os artistas de circo são ótimas
pessoas, mas me dá medo ter de dividir a parede do meu quarto
com sete leões", reclamou a professora
Marilene
Ana da Conceição.
Em Belo
Horizonte, o empresário do Internazionale Circo D'Itália,
Vítor Karnak, de 47 anos, pediu ao zoológico da cidade
que alojasse por 20 dias os seis leões asiáticos que
faziam parte de seu espetáculo. Isso até que ele encontre
outro local para deixar os animais em definitivo.A iniciativa, garante
Karnak, não tem relação com o acidente
no Vostok, mas,para ele, que é filho de acrobatas romenos
e nasceu no circo, o temor pela falta de segurança pode diminuir
por algum tempo a platéia dos espetáculos.
Ele ressalta
que não é contra a presença de animais nos
espetáculos e os grandes circos do Brasil, que, segundo ele,
não passam de 15, tratam muito bem dos bichos e são
seguros. Sobre os pequenos, prefere não fazer comentários.
Tendência
- Apesar disso, o empresário aponta para a tendência
mundial de desvalorização de animais como atração
circense. Em sua opinião, o `circo do futuro', como chama,
valorizará mais o artista. O gerente do circo Beto Carrero
World, atualmente em Porto Alegre, Jefferson Rakmer, concorda."Circos
e até zoológicos estão perdendo o interesse
em leões e outros grandes felinos, como tigres e panteras,
pois são animais de manutenção muito cara",
afirma. Segundo ele, um leão come aproximadamente 5 quilos
de carne por dia e custa, só em alimentação,
cerca de R$ 500,00 mensais.O Beto Carrero World deixou de excursionar
com os felinos no começo do ano.Agora, seus seis leões
permanecem no zoológico do parque, em Penha (SC).
Rakmer
não aceita os ataques aos circos, surgidos depois da morte
do garoto no Recife. "Só porque caiu um edifício do
Sérgio Naya não quer dizer que todas as construtoras
não prestam", reclamou. Ele teme que a atividade
até
desapareça se não houver cuidado na hora de criticar
e lembrou que 10 mil pessoas dependem de circos no Brasil. (Colaboraram
Eduardo Kattah, Michel Castellar e Ayrton Centeno).
Circo
premiava quem bebia uma cerveja com leão.
Angela Lacerda
A "promoção",
que existia havia 20 anos, foi cancelada depois da tragédia
do Vostok
RECIFE
- No mesmo dia em que José Miguel Fonseca Júnior,
de 6 anos, foi atacado e morto por leões no intervalo de
um espetáculo do Circo Vostok, no município metropolitano
de Jaboatão dos Guararapes, em São Caetano, a 149
quilômetros do Recife, Eronildo dos Santos Caetano, de 19
anos, entrou na jaula de uma leoa do D' Nápoles Circus e
tomou uma cerveja em lata.
Como
recompensa por ter cumprido o desafio, ganhou uma caixa com 12 unidades
da bebida.A "promoção" ganhe uma caixa de cerveja
se conseguir beber uma latinha dentro da jaula dos leões
era feita havia 20 anos no D'Nápoles, segundo o gerente do
circo, Rubens Cristóvão Freire. Ele diz que nunca
houve acidente por causa da promoção. Mas, depois
da tragédia do Vostok, os dirigentes do D'Nápoles
suspenderam o desafio.
A dona
do circo, Jocélia Fernandes dos Santos, também cancelou
as apresentações dos números com animais ferozes.
O motivo, explica, é o clima de apreensão motivado
pelo que aconteceu no Vostok. Ninguém soube
informar
se a suspensão é temporária ou definitiva.
O advogado Renato Nunes, que testemunhou a façanha de Caetano,
disse que o rapaz tomou a cerveja "num gole só, em um minuto".
"A leoa nem se mexeu."
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